quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Pela terceira vez, jovens limpam totem pichado


"Enquanto a Justiça não decide sobre o totem, nós vamos vir aqui e limpar a pichação que fizerem", disseram nesta segunda-feira (12) os jovens Douglas Pizarro, de 29, e Wanderley Tadeu Maganhato, de 26, que foram à noite até o marco existente na avenida Marginal, entrada da cidade, para remover a inscrições feitas provavelmente de madrugada por vândalos. O monumento onde está escrito que "Sorocaba é do Senhor Jesus", amanheceu com o símbolo "$" e os dizeres "Exu tb".

Douglas e Wanderley souberam da pixação pelo site do jornal Cruzeiro do Sul. Decidiram, então, fazer o reparo. Compraram tinta e acessórios e, por conta própria, às 19h realizaram o serviço. Os cristãos, como pediram para serem chamados, dizem que "sentem orgulho" pelo fato da cidade ter uma placa na entrada que simboliza a presença de Jesus. Entendem que o ato foi praticado por "pessoas que querem agitar e criar um clima de mal estar". 

Esta foi a segunda vez, em menos de um mês, que o totem foi pichado. No final de julho, pixadores anotaram a frase "Estado laico". Em resposta, evangélicos se mobilizaram para limpar o monumento. Já, no dia 24 de janeiro, o totem amanheceu sujo de tinta, encobrindo parte da frase.
 
A discussão sobre a manutenção do marco no canteiro da avenida Dom Aguirre, na alça de acesso à rodovia José Ermírio de Moraes (Castelinho) chegou ao Judiciário. O promotor Jorge Alberto de Oliveira Marun ingressou com ação civil pública para a retirada do totem, invocando o princípio da laicidade.

Ele atendeu à representação de dois estudantes de Direito que questionaram a legalidade do marco religioso. Marum requereu que a remoção ocorre por medida liminar, mas o juiz da Vara da Fazenda Pública, José Eduardo Marcondes Machado, negou a pretensão. O processo aguarda a vinda da manifestação da Prefeitura, que tem prazo de 60 dias para contestar o pedido. O totem foi colocado naquele local ainda no primeiro mandato do ex-prefeito Vitor Lippi (PSDB). Na época, ele atendeu à reivindicação do segmento evangélico representado por lideranças políticas na Câmara.

Em outubro do ano passado, a Divisão de Áreas Públicas da Prefeitura divulgou que o marco não tinha permissão para ficar no canteiro que, em razão disso, deveria tomar "providências" em relação à irregularidade. Na prática, o marco religioso, que tanta polêmica gerou, seria removido. Lippi cuidou de desfazer o que chamou de "mal entendido" e reafirmou que o monumento ali permaneceria, o que acabou acontecendo.

O assunto foi bastante debatido e alguns estudiosos se manifestaram, entre eles a professora Monica Evelin Hentschel, para quem "as relações entre Estado e Igreja sempre foram conduzidas num campo minado". "Até um seminário foi organizado pelo Conselho Nacional de Justiça para tratar do tema", lembrou na reportagem.

Nenhum comentário: