terça-feira, 29 de janeiro de 2013



Por Matheus Dumsch
Gemos and Coyo
Gemos and Coyo
Sua forma é variável, muda de calígrafo para calígrafo. Sua mensagem é rápida, banhada em ódio. É uma resposta ao Estado. Um alerta de que a desigualdade social exclui. Ela é a voz de quem nunca teve espaço.
Goste você ou não, ela já faz parte da sua paisagem. Ela grita e não tá nem aí se você a ouve. O importante pra ela é existir. Ela gosta de se mostrar, se apoia no RAP pra chegar cada vez mais alto. Lá em cima, ela prova que existe.
Para alguns, é a própria personificação do anarquismo. Comete o crime de fazer o que quer, por isso é tão perseguida. Mas ela é destemida, nunca se entrega, gosta de desafiar o perigo e a polícia, e sempre acaba conquistando um novo espaço. É a dama da noite que surge repentina, e que na manhã seguinte causa a indignação de quem não a quer por perto. Ela é suja e visceral, convive com os ratos e com os nóias.
Certa vez ela foi a uma BIENAL, saiu de lá algemada, foi condenada e presa. Tudo porque os críticos de arte, tão intelectualizados, não conseguiram decifrá-la. Ela é mais simples do que parece.
Ela é patrimônio brasileiro, criada nas ruas da cidade de São Paulo no inicio da década de 80. Em 2009, foi até Paris para uma exposição e acabou roubando a cena. Seus avós, Jean Michel Basquiat e Keith Haring, que também compunham a exposição, sentiram orgulho da neta brasileira.
Às vezes chego a pensar que, de tão transgressora, ela realmente pode ser considerada como arte. Mas, acredite: ela prefere estar nas ruas, onde se criou e onde as coisas fazem mais sentido. Você ainda não sabe quem é ela? Ela surge de uma lata de spray. Ela é a pixação. E não tem medo de nada.
O vídeo abaixo foi a principal inspiração para esse texto. Se trata de um documentário filmado no ano de 2009, que dá voz ao movimento dos pixadores na cidade de São Paulo. O filme é a prova de que as pessoas tem a necessidade de se expressar e, nesse caso, fazem isso através da pixação. Vale muito a pena conferir o vídeo e perceber que os tags ajudam a manter a cidade viva.

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