PIXAÇÃO – POR SÉRGIO FRANCO
Pergunta: Qual a diferença entre as intervenções que os pixadores realizaram nas duas últimas Bienais de São Paulo e a possibilidade de estar a convite na próxima Bienal de Berlim (2012)?
A principal diferença é que agora estão sendo levados à sério na dimensão conceitual que a pixação possui, estamos num debate continuo desde março discutindo o que farão em Berlin, onde o Rafael e o Djanestão formulando os conceitos e as práticas da pixação para serem aplicadas na Bienal de lá, num contexto de maior valorização simbólica do que a Bienal de São Paulo, pois Berlin hoje é um dos principais centros irradiadores de tendências no mundo da arte e concentra o maior número de galerias numa cidade da Europa. E os curadores de lá reconhecem os méritos dos pixadores nos empreendimentos no campo da arte. Na primeira vez em 2008 nem dá para dizer que sequer foram considerados como artistas, a Bienal acionou um processo judicial contra a Caroline que se estende até hoje, e vai a julgamento nesta quinta (15 de setembro).
Na segunda ocasião, já foram tratados como artistas, mas a curadoria teve que se render a exigência de não legitima-los enquanto tal. A Bienal retirou o nome dos autores das obras e os tratou como manifestação da pixaçãoem genérico. Eno final das contas, novamente ofereceu um tratamento truculento quando ocorreu a intervenção na obra do Nuno Ramos, o Djan foi vitima de uma violência que a policia já faz quando são pegos na rua.
Eu particularmente questionei este reboliço no circuito da arte contemporânea num artigo que escrevi no Le Monde Diplomatique Brasil (a pixação e as aves de rapina – 11/2010), pois acredito que, da mesma forma que o Nuno pode assimilar uma obra da música popular em sua instalação, os pixadores podem assimilar sua instalação como um muro, como um suporte para o pixo.
Enfim, foi uma troca justa, um toma lá da cá.
Por: Sérgio Franco – co-curador da Bienal de Berlim
Confira a tese completa de Sérgio Franco:
+ sobre o autor: http://www.saopaulo-monamour.com/
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