A Matilha Cultural se propôs a dar voz às ações do povo egípcio e auxiliar na propagação e reflexão das suas idéias. A exposição “Egito em Obras: Expressões da Revolução” fica em “processo” de 29 de abril a 18 de junho e tem o objetivo de mostrar a força de articulação que as pessoas comuns tem para mudar os rumos da política de seu país e promover uma reflexão e um olhar da realidade a partir de obras de arte de documentações ativistas que vão muito mais longe do que a mídia consegue cobrir.
São manifestações que vão desde fotos de graffiti nas ruas até ações táticas de guerrilha de informação envolvendo video-arte, um apanhado de elementos e ações que demandaram inclusive um novo formato de exposição para a Matilha. Um formato que fosse capaz de se articular com programas de rádios on-line feitos especialmente, conversas em tele-conferência, realizar intervenções conjuntas entre São Paulo e Cairo, contextualizar os documentos seqüestrados do prédio do serviço de inteligência egípcio pelos revolucionários, além de debates, vídeos, filmes, fotos e etc. “Poderia se chamar até de festival, mas também não é o caso. O ‘work in progress’ é um termo que inspira essa idéia de processo e que é capaz de abordar a ação participando dela. Foi o próprio resultado da pesquisa que demandou esse novo formato de exposição – que outra forma poderiamos falar de uma revolução que está em andamento?”, adianta Demétrio Portugal, curador da exposição e diretor de programação da Matilha Cultural.
Em meio aos confrontos com as forças contra-revolucionárias de Hosni Mubarak, que resultou em centenas de mortos e a sua queda como ditador, a Matilha Cultural conseguiu realizar o difícil trabalho de mapear um conjunto de ativistas revolucionários e iniciativas culturais independentes autênticas que pudessem traduzir o momento de agora e também algumas expressões artísticas que participaram do processo de resistência e levante do povo egípcio.
A primeira fase deste processo poderá ser vista, a partir de 29 de abril, na forma de fotos, vídeos e artes enviadas diretamente do calor dos acontecimentos. A Matilha, ao trazer este projeto, busca chamar atenção para a necessidade da luta pelos direitos e trazer um registro de um processo ativista, por meio de um intercambio entre centros culturais, ativistas e artistas do Egito e do Brasil, nesse momento que o povo egipcio está vivendo as transformações na sua maior intensidade. A abertura será durante o happy hour Mondo Cane.
Dia 17 de maio, no happy hour Aquecimento Central, tem inicio a segunda fase, com uma exposições de video-arte obras e vindas do Egito para dialogar com uma seqüência de conversas, tele-conferências e um ciclo de cinema com material do festival Medrar de Cinema Experimental do Cairo e uma programação de longas propostos pela Icarabe – realizador da Mostra Mundo Árabe e também Festival Imagens do Oriente.
Um dos destaques é o artista Aalam Wassef com um apanhado de vídeos e táticas de guerrilha de informação realizadas desde 2007 sob o pseudônimo de Ahmad Sherif. Altamente subversivos e satíricos, os vídeos mostram um unidade clara a partir da uma identidade estética. Por medo da repressão, Wessef destruiu todos os originais de seus trabalhos desse período só restando cópias dos vídeos na internet. Ele é um dos convidados para as conversas em teleconferência.
Representando a linguagem urbana foram trazidas as fotos compiladas e feitas por Maya Gowaily, uma jovem egípcia que lidera um projeto para documentar o graffiti feito para revolução. Percebendo que as intervenções criadas durante as revoltas estavam sendo rapidamente apagadas, ela criou a página Graffiti Revolution no Facebook, onde qualquer pessoa pode adicionar suas imagens. A idéia tem chamado atenção e está prestes a se tornar um livro.
Mahmoud Refat (100 Projects), fará uma edição do seu programa de rário online especialmente para o projeto da Matilha. Ele possui uma rádio de música experimental, um selo e também um festival de música eletrônica.
Ainda está previsto um dia de debates e conversas sobre o atual momento geopolítico do norte da África e do Oriente Médio e suas repercussões em nível global para contextualizar historicamente os acontecimentos atuais. Além disso, Matilha está disposta a receber grupos de escolas e instituições que queiram visitar a exposição.
Ainda está previsto um dia de debates e conversas sobre o atual momento geopolítico do norte da África e do Oriente Médio e suas repercussões em nível global para contextualizar historicamente os acontecimentos atuais. Além disso, Matilha está disposta a receber grupos de escolas e instituições que queiram visitar a exposição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário